Entre o drama e o deboche

Há dias em que somos tragédia grega.
Outros, comédia de mau gosto.
E entre uma coisa e outra, andamos ali, a meio caminho entre o drama e o deboche.

Porque a vida às vezes é chata. Mas o que dói mesmo é não poder rir disso.
Fingimos sanidade com um meme.
Disfarçamos o caos com ironia fina e um filtro bonito no Instagram.

Aprendemos a rir de nervos, a fazer piada da nossa exaustão,
a responder “tudo certo” enquanto o mundo cá dentro arde devagarinho.
É sobrevivência, mas parece performance.

Sabemos chorar em silêncio, mas também sabemos rir de tudo o que não conseguimos explicar.
Fazemos troça das nossas falhas antes que alguém o faça.
Dizemos “sou assim” com aquele ar de quem já desistiu de ser levado a sério.

Mas não confundam leveza com superficialidade.
A quem vive entre o drama e o deboche, nada passa ao lado.
Somos profundos de mais para levar tudo a peito,
e lúcidos de mais para fingir que não nos afecta.

Rimos para não gritar.
Gozamos para não colapsar.
E, no fim do dia, adormecemos com aquele pensamento meio doido:
“Se calhar, amanhã vai ser melhor. Ou pelo menos, mais ridículo.”

Entre o drama e o deboche, seguimos.
Com estilo, sarcasmo e uma lágrima no canto do olho, que ninguém precisa de ver.

C.P

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